quarta-feira, 27 de junho de 2018




há uma curva fechada
à direita ou esquerda
que não permite vislumbrar
o caminho a ficar
para os nossos
deslumbramentos
e me sufoca a garganta
enevoa o olhar
tropeça os passos

talvez uma onda
me sossegue
a alma

quinta-feira, 21 de junho de 2018




secaram as lágrimas e
insidiosas as lembranças
inundam o corpo caloso
os hemisférios cerebrais
esses
trocam as voltas
à vida

quinta-feira, 14 de junho de 2018




são tantas as imagens
que nos submergem as manhãs
tão repetidas ciclicamente
que a saturação semântica
altera de corpus e cria
a carapaça da indiferença
do convívio natural com
a miséria humana
capaz de suscitar até
apreciações estéticas

a fragilidade das palavras
essas
Vergílio
continuam
e restam os poetas
também narradores
para as manterem ao abrigo
do despudor

domingo, 10 de junho de 2018



(para o Afonso Camões)

ó portugalzinho, até o feriado
te calhou a um domingo
a passar assim tão despercebido!

já não tens poetas que te
cantem nem pintores que te
pintem nem músicos que te
busquem as cantigas de maio

à parte isso continuas
orgulhosamente ou não
isolado neste cantinho tão
estreito quase a cair no mar

os pinhais já não são lenho
senão de caçadores de fortuna
e os gentios abandonados
a um iletrismo abortivo

chega-te o futebol, portugalzinho,
que não sofre com as alterações
climatéricas.

terça-feira, 5 de junho de 2018

sexta-feira, 1 de junho de 2018




vale tão pouco
no mercado
um pedacito de
liberdade
e é tão insignificante
a sua queda nas bolsas
mundiais
que está prestes a cair
em desuso
o seu significado