segunda-feira, 30 de abril de 2018

segunda-feira, 16 de abril de 2018





laços desfeitos
lançados ao chão
interrompendo o sossegado
caminho das formigas
são o que resta
de um jardim
plantado à beira mar.

domingo, 15 de abril de 2018






arrancar uma palavra
a uma alma adormecida
de morte
é um exercício sem anestesia
meticuloso
e agressivo

o resultado
é que a palavra
esguicha sangue
e não se sabe se o processo
de coagulação
está a funcionar.

quarta-feira, 11 de abril de 2018




uma casa declinada em
muitas casas
vazias umas
destruídas outras
encadeadas
como narrativas
de uma personagem
solitária
por vezes rodeada
de gente

o fim há-de ficar
aberto
em duas janelas
viradas a sul.

domingo, 8 de abril de 2018




fechadas as portas
que abril abriu
resta revisitar
os caminhos antigos
de resistência
luminosa
respirar o perfume
das planícies
ouvir os cantos
de pássaros negros
calcorrear as prisões
abandonadas
à procura de um sinal
de um indício
ou uma carta
que explique
a falência
do cravo.

quarta-feira, 4 de abril de 2018





tudo é estranho em volta
do pescoço arde palpita
sufoca
à espera de uma ave
que atravesse o horizonte
em voo deslizante curva
tranquilamente
para repor a respiração
de novo branca.

terça-feira, 3 de abril de 2018