terça-feira, 29 de novembro de 2016

nada



horas paradas nem sequer sonolentas
a sonhar bibliotecas infinitas
que pudessem satisfazer a sede
de sonhos desconhecidos.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

mudez



Do mundo que me rodeia muita coisa merece a minha atenção, mas não encontro matéria que despolete uma frase e outra e depois outra. A banalidade arrepia-me de tal forma que me encerro num silêncio de chumbo e fico inerte, de braços caídos, presa à terra. Sem ânimo para voar. Onde dantes havia sonhos, agora jazem calhaus que as ondas não conseguem polir.
Foi necessária uma força hercúlea para levantar o braço até à folha e começar a escolher palavras que traduzissem o mutismo clarividente que me sufoca os dias.
Repetirei diariamente este gesto à procura do movimento que se torne natural e alivie pouco a pouco o peso da gravidade.